INFRAESTRUTURA E DESENVOLVIMENTO: Um Pilar do Bem-Estar e Sustentabilidade

Infraestrutura é um tema que tem bastante impacto e que é muito falado e considerado nas políticas públicas. Todos queremos viver em um local bonito, organizado, afinal, também faz parte do nosso bem-estar. Mas, em um momento aonde temos necessidade e propósito coletivos, reunidos em torno de desenvolver uma forma de vida, economia, social, que seja sustentável à longo prazo, e portanto, que também tenha impacto relevante no nosso bem-estar, precisamos pensar em formas de desenvolver nossa infraestrutura de forma a minimizar os impactos e até criar uma melhora no quadro geral das emissões de carbono.

O Carbono é o Vilão?

Muito se fala hoje em dia sobre o papel e aumento de “gases de efeito estufa (GEEs)”, sobretudo do carbono. Mas aí surge a questão: o carbono é realmente um “vilão”?

Olhe à sua volta. O carbono está em toda parte. Este composto não é encontrado no nosso planeta apenas na forma de gás, ele está presente em praticamente tudo o que existe na Terra, em maior ou menor quantidade. Pense no papel do seu livro favorito, na tinta que desenha palavras em suas páginas, no pão do seu café da manhã, na água com gás que você bebe e no vinho espumante que você saboreia em uma celebração. O carbono está nos tapetes do chão, nos combustíveis que movem nossos veículos e até no diamante de um anel.

O carbono é o doador da vida. Sua pele e cabelo, sangue e ossos, músculos e tendões, todos dependem do carbono. Desde a casca até a folha, da raiz à flor; frutas e nozes; pólen e néctar; abelha e borboleta; cachorro e dinossauro – todos têm o carbono como componente essencial.

Cada célula do seu corpo – na verdade, cada parte de cada célula – depende de uma estrutura robusta de carbono. Quando você respira, você exala carbono; quando você beija, os átomos de carbono se encontram e se abraçam.

Cada célula do seu corpo – de fato, cada parte de cada célula – depende de uma estrutura robusta de carbono. Quando respiramos, exalamos carbono; quando beijamos, os átomos de carbono se abraçam.

Seria mais fácil listar tudo o que toamos e que não contém carbono – como latas de alumínio, microchips de silício no seu smartphone, obturações de ouro. Vivemos em um planeta de carbono e somos vida de carbono.

Mas o carbono também nos traz prejuízos, principalmente ambientais

Mudanças climáticas naturais ocorreram ao longo da nossa história humana. No entanto, no último século, vimos um aumento muito mais acelerado, comparado aos demais momentos, nas temperaturas globais.

A ciência identificou a alta emissão de dióxido de carbono (CO2)e alguns outros gases de efeito estufa (GEE) como intensificadores na elevação de temperatura dos últimos anos. Os cientistas se referem a esse fenômeno como o efeito estufa intensificado.

O efeito estufa que ocorre naturalmente captura o calor do Sol antes que ele possa ser liberado de volta ao espaço. Isso permite que a superfície da Terra permaneça quente e habitável. É um processo que ocorre quando os gases na atmosfera da Terra prendem o calor do Sol tornando a Terra mais quente do que seria sem uma atmosfera, um lugar confortável para se viver.

Esse mecanismo recebe esse nome porque os gases na atmosfera, como o dióxido de carbono, retêm o calor de maneira semelhante ao telhado de vidro de uma estufa. Esses vapores que retêm o calor são chamados de GEE. Porém, níveis aumentados desses gases retêm ainda mais o calor do Sol, resultando em um efeito de aquecimento global. Neste ponto, com uma emissão exagerada desses gases, incluindo o gás carbônico, o carbono se torna cada vez mais um desafio ambiental.

A cidade do futuro

As cidades do futuro serão verdadeiros oásis de sustentabilidade, bem-estar e tecnologia, refletindo uma transformação essencial e necessária para enfrentar os desafios climáticos e sociais.

A presença de árvores e plantas nas áreas urbanas promove o bem-estar e desempenha um papel crucial no armazenamento de carbono a longo prazo através do sequestro de carbono no solo. Este processo contribui significativamente para a mitigação das mudanças climáticas ao reduzir os níveis de dióxido de carbono na atmosfera.

Telhados Verdes

Uma tendência crescente é a implementação de telhados verdes. Estes oferecem múltiplos benefícios:

  • Redução da Temperatura Urbana: As plantas nos telhados absorvem a luz solar, que de outra forma se transformaria em calor, liberando vapor d’água e melhorando a qualidade do ar.
  • Economia de Energia: Nos meses de verão, telhados verdes podem reduzir a necessidade de ar-condicionado, mantendo a temperatura interna dos edifícios mais confortável.
  • Barreira Contra o Calor: As árvores e plantas atuam como barreiras contra os raios solares, impedindo o aquecimento de pisos, paredes e telhados, e mantendo a temperatura interna mais baixa. Isso resulta em uma significativa economia de energia e uma melhoria do microclima urbano.

Outras Técnicas de Construção Sustentável

Outras técnicas de construção mais sustentáveis são a adoção de janelas estrategicamente posicionadas maximizando o acesso ao ar fresco e reduzindo a necessidade de sistemas de climatização artificiais; Átrios Centrais também facilitam a extração de calor residual, promovendo um ambiente interno mais agradável e eficiente energeticamente.

Projetos ambiciosos como o “Roots in The Sky” em Londres estão pavimentando o caminho. Este projeto transformará um antigo prédio de tribunal de justiça em uma floresta nas alturas, com 100 árvores adultas e 10 mil plantas no telhado. Esse tipo de iniciativa mostra que é possível integrar grandes quantidades de vegetação em áreas urbanas densamente povoadas.

Sustentabilidade Acessível

Embora projetos de grande escala sejam inspiradores, trazer essa realidade para menores proporções também é crucial. Utilizar gramados, mudas e coberturas vegetais extensivas (como musgos, suculentas, ervas e grama) pode melhorar significativamente o microclima nas cidades. Estas opções são mais fáceis de implementar do que coberturas vegetais intensivas (com arbustos e árvores), tornando a sustentabilidade acessível para mais projetos urbanos.

Realidade do Brasil

Embora o Brasil esteja avançando em diversas frentes de sustentabilidade, ainda enfrenta grandes desafios decorrentes de um modelo de crescimento econômico tradicional, fortemente dependente de combustíveis fósseis e práticas de desmatamento. Este cenário reflete um paradoxo entre a necessidade de desenvolvimento sustentável e as políticas econômicas atuais.

Dependência de Combustíveis Fósseis e Desmatamento

O Brasil continua a enfrentar uma significativa dependência de combustíveis fósseis e um crescimento urbano desenfreado. Cerca de 36% da matriz energética brasileira é constituída por combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão mineral. A expansão urbana em grande parte ocorre sem um planejamento adequado, contribuindo para problemas ambientais e sociais. A destruição de florestas para agricultura e pecuária ainda é uma prática comum, o que agrava as emissões de gases de efeito estufa e a perda de biodiversidade.

Políticas Econômicas e Sustentabilidade

Recentemente, algumas políticas fiscais adotadas pelo governo parecem ir na contramão do desenvolvimento sustentável. Exemplos incluem:

  • Imposto de Importação sobre Painéis Solares: Desde 1º de janeiro de 2024, a alíquota de 10,8% sobre painéis solares entrou em vigor, anteriormente zerada. Isso pode desincentivar a adoção de energia solar, um recurso abundante no Brasil e crucial para a transição energética.
  • Aumento de Impostos sobre Veículos Elétricos e Híbridos: As novas alíquotas de imposto para veículos híbridos e elétricos aumentam gradativamente até 2026, tornando esses veículos mais caros e menos acessíveis para a população.
Janeiro de 2024Julho de 2024Julho de 2025Julho de 2026
Híbridos12%25%30%35%
Híbridos Plug-in12%20%28%35%
Elétricos10%18%25%35%
Fonte: Mdic

Estas políticas fiscais, embora visem estimular a produção interna, podem ter consequências adversas, como desincentivo à sustentabilidade, tornando a tecnologia sustentável menos acessível, retardando a adoção de energias renováveis e veículos menos poluentes; além de gerar uma pressão sobre a população, com salários baixos e empregos precários, a população brasileira pode ter dificuldade em acessar tecnologias sustentáveis, perpetuando a dependência de mercados tradicionais e poluentes.

Na prática

Um proprietário de casa em São Paulo que decide instalar painéis solares enfrenta agora um custo adicional de 10,8% devido ao imposto de importação. Se fizer a importação direta para si, paga a taxa também diretamente à união federal; no caso de comprar de revendedor que realize a importação, também arcará com um aumento de custos que será repassado. Isso pode desincentivar a instalação, apesar da abundância de sol na região e do potencial para economizar na conta de luz.

Igualmente, na Amazônia, pequenos agricultores continuam a desmatar áreas de floresta para expandir suas plantações. Isso não só contribui para a perda de biodiversidade, mas também para o aumento das emissões de carbono.

Oportunidades para o Futuro

Por outro lado, a produção local de tecnologias sustentáveis poderia ser estimulada através de políticas de incentivo fiscal, redução de burocracia e apoio governamental para pesquisa e desenvolvimento.

Projetos de infraestrutura sustentável, como telhados verdes e espaços públicos arborizados, podem ser promovidos para melhorar o microclima urbano e a qualidade de vida.

No interior de Minas Gerais, cooperativas de agricultores estão se unindo para instalar painéis solares em suas propriedades, compartilhando custos e benefícios. Isso não só reduz a dependência de energia elétrica tradicional, mas também gera renda adicional com a venda do excesso de energia produzida (conforme já mencionamos em outro post).

Em cidades como Curitiba, iniciativas de hortas comunitárias estão transformando terrenos baldios em espaços verdes produtivos. Essas hortas não só melhoram o microclima local, mas também fornecem alimentos frescos e orgânicos para a comunidade.

Em Porto Alegre, uma parceria entre a prefeitura e empresas locais resultou na criação de vários parques e áreas verdes, melhorando a qualidade de vida dos moradores e atraindo turismo.

A transição para um futuro sustentável no Brasil enfrenta barreiras significativas, mas também apresenta inúmeras oportunidades. A adoção de políticas mais favoráveis à sustentabilidade, aliada a investimentos em educação, inovação e infraestrutura verde, pode transformar o país em um líder global em práticas sustentáveis. É essencial que a sociedade, o governo e o setor privado trabalhem juntos para superar os desafios atuais e construir um amanhã mais verde e justo.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *